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Ministério Público oferece denúncia contra o vereador Kenny Rogers

Ele foi indiciado por atropelar idoso em 2024; Judiciário pode ou não acatar parecer do MP

04/06/2025

O debate sobre decoro parlamentar, quando envolve denúncias de vereadores, pode assumir um novo ritmo na Câmara Municipal de Guarapuava, diante da recente decisão do Ministério Público (MP) do Paraná, que ofereceu denúncia contra o vereador Kenny Rogers Anacleto (MDB) ao Poder Judiciário.

Kenny Rogers, como é conhecido, foi indiciado por atropelar e matar um idoso (José Maceno de Almeida, de 67 anos) na Avenida Siqueira Ribas (Estrada do Jordão), em 21 de dezembro de 2024, ao retornar para a cidade de uma festa de confraternização (era o último sábado de fim de ano) no Parque do Jordão.

Câmeras de segurança flagraram o momento em que a camionete do vereador se desgoverna numa descida e avança a calçada por onde circulava o idoso, que foi atingido e morreu momentos depois no próprio local. Kenny Roger abandonou o carro, que virou de ponta cabeça, e tentou fugir a pé, instantes depois subindo no veículo da vereadora Bia Neves (MDB). Quase no mesmo instante, dois delegados, que vinham de outra festa de fim de ano, abordaram os vereadores e deram voz de prisão a ambos, em flagrante. Testemunhas depuseram que o vereador dirigia embriagado.

Levados para a 14ª Subdivisão Policial, Kenny Rogers permaneceu preso por mais um dia, até sua preventiva ser revogada judicialmente, passando a responder em liberdade. Já a vereadora Bia, que estava junto com sua companheira, comprovou inocência e não foi indiciada no inquérito. Ela alegou que Kenny Rogers se aproximou e entrou no carro, sem que ela soubesse de seu envolvimento no acidente, e que, em fração de segundos, os delegados fizeram a abordagem.

O acidente aconteceu na véspera da eleição para presidência da Câmara Municipal de Guarapuava, na qual o voto de Kenny Rogers foi decisivo para o candidato a presidente Pedro Moraes (MDB), que acabaria vencendo as eleições num clima quase que de guerra campal. Kenny Rogers foi ao Legislativo sob escolta privada e com uma liminar judicial que limitava sua permanência fora de casa até a hora do seu voto.

Imagens registradas pelo SAMU durante o atendimento ao idoso, que morreu no local

Apesar da pressão popular pela cassação de Rogers, o mandato continua sendo mantido, sob a justificativa de que o Poder Judiciário ou o Ministério Público ainda não se pronunciaram sobre o caso.

Com a denúncia da 4ª Promotoria de Justiça, assinada pelo promotor Mauro Alcione Dobrowolski nesta segunda-feira (2), a ação assume um novo rito judicial. Em seu parecer, o promotor alegou que Kenny Rogers estava alcoolizado e dirigia com imprudência, fatos determinantes para o acidente, mais o agravante de fuga e omissão de socorro. Há informações de que estava com a CNH cassada.

Kenny Rogers está em seu primeiro mandato e procura manter postura discreta no Legislativo. Uma de suas bases de atuação popular eram os "arrancadões", disputa de corrida em pista reta entre veículos.

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