Política

FRONTEIRAS IMAGINÁRIAS

21/05/2020

A explicação para o recente aumento de casos positivos de coronavírus em Guarapuava é de que três pacientes infectados são da mesma família e contraíram a doença (Covid-19) em outra cidade. Da forma como o enfoque ganhou força no meio político, diferentes vozes falando a mesma coisa, parece que existe uma tentativa de dizer que Guarapuava é uma “ilha” em relação ao coronavírus, isto é, aqui está tudo sob controle, nada se cria, nada se propaga, e se a doença aqui se instalou, veio de fora.

PANDEMIA GLOBAL

Já faz tempo que o Ministério da Saúde considera que o coronavírus se dissemina como contaminação comunitária, diferentemente do início da pandemia, quando havia focos localizados e fechamento de barreiras nas cidades. Em Inácio Martins, por exemplo, o primeiro caso positivo foi anunciado em praça pública, pelo prefeito Edemetrio Benato Junior, com “uma paciente que adquiriu o vírus em Guarapuava”. O que vale aqui, vale para todo mundo, ou melhor, para todo o mundo.

A REALIDADE É OUTRA

Se se considerar a origem do coronavírus em território guarapuavano, chegar-se-á à conclusão que seria o caso de fechar as fronteiras, ninguém entra e ninguém sai. Agora, se as atenções se voltarem para a realidade, de que o vírus já está instalado em Guarapuava, as preocupações se concentram nas medidas que são necessárias para evitar a proliferação, fazendo o máximo de testagem, e o atendimento digno às vítimas, com leitos de UTis e respiradores em quantidade suficiente.

ERROS OU ACERTOS, A DÚVIDA

As mortes e enterros sem velório em Guarapuava (já são seis, na conta oficial da Central de Triagem Municipal) deixam à mostra uma realidade que ainda está para aflorar logo ali na frente. A primeira morte (que não está nesta lista) e que foi atribuída pela Secretaria Municipal da Saúde à Covid-19, depois negada pelo Laboratório Central do Estado, também não está totalmente explicada. É incompreensível que os médicos de Guarapuava, que assinaram o laudo positivo do paciente, tenham errado tanto. Os testes, segundo a Prefeitura, foram fornecidos pelo Governo do Estado, ficando claro que, se houve um problema com a qualidade dos testes, o problema não está no Município. Também não se pode duvidar da capacidade de o Hospital São Vicente aplicar um teste, pois isto colocaria em questão qualquer procedimento médico.  Por outro lado, médicos ouvidos pelo Paraná Central têm plena confiança no Laboratório Central, vendo-o como a referência em diagnóstico no Estado. Ficou um mar de dúvidas e quase uma certeza: os médicos de Guarapuava sabem o que fazem.

CHAPECÓ/SC: QUASE 700 CASOS

Chapecó, Oeste de Santa Catarina, registra o maior índice de contaminação por coronavírus no estado vizinho. Chega perto de 700. A explicação da Prefeitura é a testagem em massa da população e o protocolo do Ministério da Saúde, que contabiliza todos os casos de síndromes gripais. Há 18 internados, entre enfermaria e UTIs. A taxa de ocupação hospitalar é de 9% na enfermaria e 33% na UTI. Dois óbitos registrados e 2.515 pessoas monitoradas.

A SAÚDE EM CHAPECÓ

Em tempo: Chapecó tem 220.000 habitantes, quase a mesma população que Guarapuava, três grandes hospitais (um deles, o Regional, o maior de Santa Catarina), mas dois hospitais de campanha (no centro da cidade e na Efapi, maior bairro em população), além de 26 unidades de saúde, uma UPA 24 horas e um Pronto Atendimento 24 horas.

ELEIÇÕES 2020 EM DEZEMBRO?

O que pareceria ser uma tendência, é praticamente uma certeza: as eleições municipais deste ano, originalmente previstas para outubro, poderão ser prorrogadas para dezembro. Não haverá prorrogação de mandato de prefeitos e vereadores, como se chegou a ser cogitado. O ajuste na data da campanha é uma forma de não prejudicar os candidatos, que, pelas condições atuais, com o coronavírus, estão limitados somente à internet.

COMISSÃO AVALIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, informou que vai criar uma comissão especial e colocar o assunto (prorrogação das eleições) em pauta a partir da semana que vem. Entre os parlamentares, a questão é vista como uma possibilidade. Os jornalistas que cobrem a área política não têm dúvidas de que a matéria vai ser aprovada, pois não há como fazer política sem aglomerar pessoas. A expectativa é de que até setembro, quando a campanha de fato começaria, a pandemia já tenha baixado a poeira.

NUMA FRIA

Os candidatos de Guarapuava serão beneficiados com uma nova data eleitoral. Setembro já período de primavera e o frio não é tão rigoroso. Campanha no inverno do Terceiro Planalto é um desafio sofrível para os candidatos.

DO TRATOR PARA O COMPUTADOR

Entre as empresas locais que estão se adaptando a novas tendências com a pandemia de coronavírus, a Cooperativa Agrária, de Entre Rios, tirou os agricultores das máquinas agrícolas e colocou-os em frente ao computador. É a forma que a direção encontrou para conferências com grande número de associados para tomada de decisões coletivas. A reunião de abertura de reservas de verão 2020, realizada no final de abril, foi assim. Os agricultores receberam as orientações dos técnicos para a próxima safra todas pelo sistema “on line”.  Duas plataformas estão sendo utilizadas, a Gotomeeting e o Microsoft Teams.

SEM RECESSO

Os deputados paranaenses já estão em sessões “on line”, cada qual no seu quadrado, e vão continuar com o método. A novidade é que não vão tirar férias: o recesso de julho foi cancelado. O exemplo deverá se reproduzir nas Câmaras Municipais e nas eleições deste ano, que tende a ser “contaminada” pelas disputas digitais.

FÉ E POLÍTICA

Quem vem ganhando espaço político em Guarapuava é o Pastor Rilson Mota. Vez ou outra, em meio às mensagens religiosas, ele leva um convidado para seu programa diário na internet, o “Fala, Pastor”, para falar sobre política. Ontem (quarta-feira 20), foi a fez do advogado Vitor Hugo Burko, pré-candidato a prefeito a Guarapuava, cargo que ele já ocupou por duas vezes.

PT E PMDB JUNTOS?

No mesmo horário da “live” de Rilson Mota e Burko, em outra telinha, estavam a vereadora Terezinha Dai Prai (PT) e o advogado João Nieckars (PMDB), ele candidatíssimo a prefeito e ela, à reeleição. A proximidade entre os petistas e os peemedebistas nas plagas guarapuavanas é cada vez mais visível.

DR. ANTENOR REAPARECE

Quem resolveu aparecer, depois de um longo período de distanciamento, foi o médico Antenor Gomes de Lima (PT). A próximos, Dr. Antenor, como prefere ser chamado, tem dito que será candidato a vereador. Ele foi o primeiro vereador petista eleito em Guarapuava e concorreu outras vezes a prefeito e deputado. Sempre foi visto como um forte candidato, mas, nas campanhas, sempre patinava nas subidas e seu maior adversário, Cesar Silvestri Filho, acabava vencendo. O retorno à Câmara Municipal seria uma estratégia para colocar Dr. Antenor como um “puxador” de votos na legenda. Em suas intervenções atuais, restritas ao Facebook, tem evitado falar de temas locais.

OCUPANDO ESPAÇOS

Nas hostes “prefeiturais”, a disputa continua polarizada entre o vice-prefeito Itacir Vezzaro e o secretário (Saúde) Celso Góes. O prefeito Cesar Silvestri Filho colocou tempero no assado e lançou outros dois nomes, dos também secretários Flávio Alexandre (Planejamento Urbano) e Sandro Abdanur (Desenvolvimento Econômico). Celso Góes está obtendo uma ligeira vantagem com a exposição diária nos assuntos sobre a pandemia do coronavírus, utilizando-se de rede pessoal (página particular no Facebook) para explorar temas afetos a um órgão público (Secretaria da Saúde). Vezzaro tem algumas aparições ao lado do prefeito Cesar Silvestri Filho, mas já declarou à imprensa que “não é hora de falar sobre política”. Flávio Alexandre agradeceu à lembrança de Cesar Filho e permaneceu em completo silêncio.

CAVALO ENCILHADO

Falem o que quiser, mas dizer que o farmacêutico Celso Góes não é um pré-candidato esforçado seria uma baita injustiça. Ele faz política o dia todo, num esforço obstinado para ocupar a cadeira de Cesar Filho. E se deixarem, ocupa desde já. Ontem, um grupo de esportistas procurou ele – e não o prefeito – para solicitar a abertura das competições esportivas em Guarapuava. A reunião foi no pátio da Secretaria da Saúde com a presença do ex-secretário Pablo Almeida (Esportes), forte candidato a vereador. Celso Góes se comprometeu a levar o assunto para ser analisado pelo “comitê gestor” que cuida das questões técnicas da pandemia do coronavírus no Município.

O “QUERIDINHO”

O secretário Sandro Abdanur, que ganhou a simpatia dos empresários com a construção do novo aeroporto, é cotado como uma “terceira via”, esquiva-se da imprensa e de exposição pública, e só aconteceria, se for “ungido” candidato – o que pode ocorrer, quando se forma um “conglomerado político”. Neste diferencial, Abdanur soma fatores peculiares, entre eles a confiança estrita do grupo que está no poder, a simpatia no segmento empresarial e ser da família do deputado estadual Artagão Junior, que é uma das correntes políticas tradicionais de Guarapuava.

BURKO COM CARLI

Apoiadores de Vitor Hugo Burko propagam que ele tem canal aberto com o ex-prefeito Fernando Ribas Carli (PSD), deixando para trás antigas desavenças das disputas eleitorais que marcaram a política no passado recente em Guarapuava. Carli chegou a ensaiar o lançamento de sua candidatura na fase final da “janela eleitoral”, em que atuais mandatários podiam mudar de sigla, mas, se o objetivo era reunir a tropa, o efeito aparente foi o contrário, pois grandes defensores carlistas, os vereadores Élcio Melhem e Maria José Ribas, se aninharam junto ao prefeito Cesar Filho. O quadro só será outro, se tudo isto esconder um “acordo branco” entre o atual prefeito e o ex-prefeito, onde Carli seria cabeça de chapa e todos os candidatos a vereador já estariam automaticamente alinhados. Mas, também, vale a informação de que Carli simplesmente aposentou os betes e liberou geral. A tentativa de Burko, nesta hipótese, é colher o rescaldo político de Carli.

ORIENTANDO O POVO

A Câmara Municipal de Guarapuava, em especial o presidente João Carlos Gonçalves, o João do Napoleão, engrossou a campanha de divulgação do “Comida Boa”, orientando pelas redes sociais sobre como a população faz para adquirir os cartões de vale-comida.

HÁ CONTROVÉRSIAS

Há poucos meses das eleições, o que propõem os pré-candidatos em Guarapuava?

 

 

 

 

 

 

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