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A briga é pela vice de Celso Góes. O resto, firulas

PONCIANO SINCERO

11/07/2024

De tudo, uma certeza: a direita dificilmente se divide em Guarapuava. Tradicionalmente, as "oligarquias" que dominam o município há séculos, estão habituadas a disputar eleições entre si. Vem de longe. Depois de um longo período no poder, o desgaste natural do grupo mandatário cedia lugar ao oponente, da mesma casta social. 

Assim foi lá trás e, em tempos mais recentes, com os personagens que as atuais gerações conhecem: Nivaldo Kruger imperou, absoluto, por três decadas; na sequência veio o Carli, também por três mandatos, alternando cargos de deputado estadual e federal; mais recentemente, os Silvestri (Cezar Pai, Cesar Filho e Cristina), que lá atrás, antes de Nivaldo Kruger, tiveram o reinado do patriarca Moacyr Júlio Silvestri.

Os Mattos Leão, do senador João ao ao deputado estadual Artagão Junior, sempre correram por fora. Ameaçavam disputar e, no final, compunham. A única vez que um deles concorreu, foi com Aragão, tio do Jr, que perdeu para Fernando Carli (1988). Aragão foi apoiado por Nivaldo Kruger, no ciclo final do nivaldismo. 

Mostra a história que a tendência natural dos Mattos Leão (estamos falando de famílias tradicionais da política local) é pelo Legislativo. Eles participam das campanhas para prefeito, tentando indicar um vice, de olho na eleição seguinte, para deputado. É lá, junto ao Palácio Iguaçu, que tudo acontece, de fato e de direito. E os Leão sabem disso, de carteirinha. 

Não estou esquecendo do Vitor Hugo Burko. Ele só chegou à Prefeitura porque parte das oligarquias e do poder econômico se cansou do estilo absolutista de Carli, unindo-se para escolher um opositor – Burko, a bola da vez. 

Burko se elegeu e se reelegeu. Na sequência Fernando Carli voltou, para mais dois mandatos. A roda carlista se esgotou, para iniciar a "Era Cesar Silvestri Filho".

Em tempo: por uma vez Artagão Jr quebrou a egregora, apoiando Antenor com um vice. O compromisso de Antenor era retribuir, como o fez na eleição seguinte, saindo a deputado federal para dobrar com Artagao estadual. Artagão se elegeu, Antenor não – mas honrou a palavra.

Em 2020, todos, menos Burko, juntaram-se para eleger Celso Góes. É o sonho de Góes que o raio caia duas vezes no mesmo lugar – em cima de Antenor, leia-se.

Na atual campanha em Guarapuava, quem, verdadeiramente, dita as regras na direita, no sistema oligárquico, entre as famílias que estão no revezamento pelo poder, é o ex-prefeito Cesar Silvestri Filho.

Por mais que Fernando Carli tente embalar o parente Samuel Ribas de Abreu, contornando a disputa pelas vias do Palácio Iguaçu, em Guarapuava quem está com a batuta da maior orquestra é Silvestri Filho. 

Não foi Carli, nem Mattos Leão, e, sim, Cesar Filho, acompanhado de Cristina, que foi ao ninho "resgatar" Celso Góes. Foi num evento do PP, partido atual de Cesar e Cristina, que a pré-campanha de Góes ganhou visibilidade.

Foi a partir de então, de movimentos concretos de Cesar Silvestri Filho, que as outras peças se mexeram. Carli lançando Samuel e agora, Mattos Leão falando em apadrinhar a candidatura de Rodrigo Estacho, o piá do "Poko bão", hoje deputado federal. Artagãozinho já inflou o Burko, que murchou; agora vem de Estacho.

Entre tantos "balões", quem está sério no jogo é Cesar Silvestri Filho. E quem conhece um pouquinho de política, sabe que em eleição quem blefa, já entra na partida com estilo marcado. 

A direita não ganha nada jogando pra perder – isto é de uma redundância gritante. A piazada nova aprendeu com os velhos uma receita que continua dando certo até hoje. Brigam tanto até se cansarem, depois se acertam. Por que fariam diferente agora?

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